As brancas nuvens pelo céu guiadas
Em nuvem rala no céu se vê o adeus do Tempo, e assim eu me despeço dele. Eu olho, admiro aquela massa de névoa, que ao longe circunda o meu dia e depois rezo. Na verdade, peço a qualquer coisa que possa valer como força mística, para que não se passe nunca, o tempo para este Tempo que evoca meus desejos.
Ó qualquer coisa que haja por entre tudo
Que eu não venha a perder de vista uma só nuvem, mesmo que desgarrada
Pois se assim se fizer, eu mesma me desgarro deste corpo a procurar esta ovelha tão amada.
Não que o dia não se cumpra como todo o dia deva se cumprir. Não que o meu dever não seja feito ou malfeito por apenas ter de fazer. É que me soa tão mais límpido o dia e tão mais amena a tarefa, quando passo e acompanho, tímida, o passar desse meu Tempo, tão caro.
E à noite, eu vejo às vezes, as ovelhas brancas se recolhendo por entre espaços que não alcanço, mas sei que não tardarão em voltar e por isso, durmo tranqüila, contando as estrelas que me fazem sonhar. Esses sonhos que tenho são muito mais sonhos quando a noite não me leva meu rebanho. Quando sonho sem precisar às estrelas implorar, por qualquer pedaço de ilusão, pois a minha própria, não se recolhe, se mirando nessas nuvens de algodão.
Fica ilusão poupada, do dia que te desacredita
Ó bem amada!
Não fique a mercê dos astros celestes, dos pastores campestres
Que só fazem levar meu rebanho rumo ao que para mim parece nada.
Por tudo que se passa nesse tempo que se encaminha, de Tempo ter que passar.
De Tempo ter que levar do arco no céu que pouco, com minha vista alcanço, esses meus pequenos presentes da minha ilusão. Essas pequenas formações poéticas que me inspiram a prosseguir no sonho, mesmo que acordada. Por que assim, das estrelas me torno independente, por que do rebanho me torno pastora nata.