28 março, 2005

O que de muito se espera

São as sensações de uma vida inteira girando na cabeça e estremecendo os lábios quase numa prece. É um sabor de infância misturado ao cheiro de maresia, lembrando de tantas tardes a procura de peixinhos no imenso mar azul. É o medo de um adulto bravo, de uma nota baixa, de um mundo que teima em não se revelar. E de repente aquele mundo aparece abruptamente e some, e o chão treme simplesmente por que não é pisado tão firme. Essas sensações ora de estagnação, ora de mudanças repentinas aumentam uma expectativa pouco real mas muito boa de sentir. E assim as certezas aumentam, mas não parecem tão certas. O ponto é que aprendemos e entendemos que aceitar essa relatividade é amadurecer, e a sensação de orgulho termina a tarefa de tirar a firmeza de nossa pisada. Para que o chão? Se chega então a uma sensação de mudança, cuja base é o fato de não se poder voltar atrás; e o que se sente é o inesperado, mas não, o inesperado que me faz pisar novamente o chão, e sim o chão que me ajuda a evitar o inesperado. Volto portanto a querer a imensidão do mar e a areia fria afundando meus pés