17 março, 2005

Uma confissão de meus erros

Nesta vida de tantas escolhas eu me pergunto se acertei realmente alguma. Como eu, e tantos outros quisemos ter certeza sobre o turbilhão de fatos que nos rondam e que nos fazem agir, mas não tivemos. Tento escolher a roupa que uso e até hoje acerto (pelo menos algo!) mas se errasse me internaria. Imagino se confundisse o roxo com o preto e saísse de casa com uma roupa assim...Se na roupa acerto, já não posso dizer o mesmo do resto.
Erro, na atitude, na palavra e até no carinho. Que tuas costas não reclamem da minha mão pesada, dura demais para uma mulher; mas se tento disfarçar essa minha rudeza gestual, o olhar me entrega e eu fico só. E na solidão erro de novo ao estendê-la mais do que deveria, por que você em algum momento me procura e eu te rejeito, e não aprendo que depois disso eu sempre choro. Não saio dessa agonia.
Me enterro em um trabalho igual a tudo que vejo fora e permaneço reclamando em qualquer lugar, e sempre pra você, ou de você, ou com você. Isso de fato acontece pois somos iguais, não só entre nós , mas a todos sobre os quais reclamamos, com quem reclamamos e, novamente erro, por que nunca aceito essa condição de igualdade. Não quero ser igual a você, nem parecer igual para você, por que minha insegurança não permite que veja em outra pessoa o mesmo que vê em mim ou em você mesmo. E com isso, o que faço é afastar-me de tudo que me é comum, do que reconheço desde que acordo até o momento em que adormeço (melhor quando ao teu lado) para tentar enfim acertar alguma coisa.
Que eu acerte, e isso é uma súplica ao que inclusive vivo errando, um Deus que nem sei se erra ou acerta ao nos manter assim, para que tudo fique do jeito que está por que ainda consigo te reconhecer quando acordo e ainda te procuro para adormecer. Por que sinto os mesmos sabores errados de uma comida mal feita, mas por que o aroma de um fruto doce me apaixona. Gosto de ver na rua as mesmas caras de manhã e encontrar o meu trabalho ruim com gente boa, ou ruim, ou insignificante, simplesmente por que é a vida que reconheço e por fim reconheço minha pequenez e constato meu erro de viver e a certeza de não poder corrigir.

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

a interiorização é sempre dolorosa, mas produz belos textos.
se conhecer é a tarefa mais árdua para o ser humano.
te desejo um caminho ameno e fresco, sempre.
um beijo, querida,
mamãe

9:51 PM, março 19, 2005  
Blogger Madame P. Mandrack said...

A interiorização não é de todo dolorosa, nem sempre. Agora, conseguir trazer para fora o que nela há, de maneira fiel e também numa estética que agrade traz uma satisfação gratificante.
Que o caminho de todos possa ser ameno!
beijo

12:34 PM, março 22, 2005  

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