28 março, 2005

Da experiência e amor a vida

Sentou aos pés do avô querendo desfrutar de sua experiência, de seu amor para com tudo. Não entendia o olhar acalentado sobre o que tocava. Via um êxtase quase etéreo, de tão suave que demonstrava ser. Via um deleite ao presenciar fatos dos mais insignificantes, mesquinhos, e claro dos mais apaixonados também.
Pensava ser santidade aquilo que presenciava. Era mero detalhe toda uma vida igual a todas as outras ,a de seu velho avô. Esquecia-se das brigas, brincadeiras, amarguras e demais sentimentos e acontecimentos que o aproximavam da humanidade que um dia emanara.
Querendo saborear ainda mais esse momento, querendo tomar para si aquele modo de ver e viver a vida, perguntou ao avô sobre tudo o que a afligia, ou enchia de curiosidade. A resposta veio em tom baixo, um pouco arranhada pelo tempo. Presenciou o instante mais humano de seu avô quando este lhe deveria ensinar a sublimá-lo. Percebeu então que ansiava extremamente pela vida, que a invejava e que não duraria por muito mais seu momentos de despedida.