15 março, 2005

A insanidade e a devassidão: eu e você

O homem que confundia a vida,
Que olhava, que instigava,
Que era desconcertante.
Era um devasso, um insano,
Trajava bem um terno
Como qualquer outro pedaço de pano.
Um homem tão cheio de coisas na estante,
Sua vida em passagens quaisquer gritava
Em fotos,papéis, por uma volta, por uma ida...

Esse homem confudia também minha vida
Me olhava e tentava me instigar.
Não conseguia tanto quanto lhe era interessante.
Me tentava devasso e eu lhe respondia quase insana:
Que mal havia em ser tal devassa quanto?
Uma mulher sem coisa alguma de fato interessante,
Uma vida sem fotos ou papéis
Que ele queria colocar na estante.

Dois loucos confundindo a vida...
Se olhavam desconcertantes,
Se entrelaçavam insanos em qualquer pano,
Se falavam devassos.
Instigando, gritando, pedindo, chorando.
Um por ventura tinha estante,
A outra estava lá em fotos
Entre tantos papéis e memorandos

Um ficou louco de amor,
A outra caiu no esquecimento.
Olhando insanos nas ruas,
Vivendo a devassidão separados.
Trajando qualquer pano.
Guardando qualquer papel.
Sem ter estante pra guardar.
Sem poder ser foto desconcertante
A constar na estante de outro alguém.