22 janeiro, 2005

À la Andy Warhol

Nothing is wasted, only reproduced, canta Damon Albarn na clássica de discos "Girls & Boys". Teoria parecida repetida à exaustão na culinária: "Tudo se transforma". Infindáveis são as regravações de músicas já aprovadas pelos ouvidos do público - algumas louváveis, outras apenas repetitivas. A teoria não se manifesta só nisso, claro. As tradicionais "influências" estão aí em cada resenha de disco ou banda pra confirmar que algo novo é coisa do passado, o que importa mais agora é fazer o mesmo de forma bacana - pelo menos com uma cara parcialmente nova. Bandas novas como Libertines e Interpol ressucitam The Clash e Joy Division, respectivamente, sem serem por isso consideradas medíocres. Também, bandas que fazem "apenas" um rock bem feito se saem bem na fita, agradam, e nem por isso vem alguém perguntar: "E aí, o que você acrescentou na história da música pop?".

Legais também são as coincidências - verdadeiras ou intencionais. Todo mundo já reparou que o início de "Are you gonna be my girl", do Jet, é idêntico ao da fofíssima "A town called malice", da veterana The Jam (música essa, aliás, que foi som para uma cena feita na medida pra cativar o público cult no filme Billy Elliott. E sim, eles conseguiram). Tocou até em uma boate em algum dia passado desses: primeiro a nova, depois a antiga, as duas seguidas, de propósito. Outro dia, teve "It's my life" do No Doubt, e pra refrescar a memória a mesma "It's my life", só que do Talk Talk (cá entre nós, que não teve nada de novo na regravação, o único mérito foi fazer as pessoas verem como a bendita música é bacana pacas!). E ainda outro dia, sessão infindável em overdose de "Heroes", com 3 versões diferentes coladinhas, inclusive na voz original do (Ave!) Bowie. nessas horas dá vontade de ser DJ. Semelhança tem também em "Mr. Brightside": não lembra nitidamente "Born Slippy", Underworld, que foi tema do filme classiquinho de juventude pseudo-revoltada Trainspotting?

Pois é, a música está cheia dessas referências. Não só na própria música, até nos próprios nomes das bandas. Exemplos clássicos são Radiohead, cujo nome é o mesmo de uma cançãozinha chata dos não-chatos do Talking Heads ("radio head... the sound of a brand new world" - adequado, não?), e Rolling Stones, da música do Bob Dylan "Like a rolling stone".

E pra quem quiser se divertir com charadas, bastar pegar "American Pie" (do Dom McLean, não da Madonna, argh!) e ir decifrando as referências. Nada de dicas por enquanto!

1 Comments:

Blogger Madame P. Mandrack said...

Por isso que sou sua fan no orkut! Como é que você guarda isso tudo na cabeça? Eu nem lembro direito o nome das músicas que cantava... Adorei!
Beijos!
Adoro quando você e Thainara colocam textos aqui, não me sinto a única sócia da fábrica.

6:52 PM, janeiro 23, 2005  

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