06 janeiro, 2005

Não te deixarei, não!

O fundo do leito parece agradável à folha que da mata na margem cai. Ela nasce com viço e se alegra de cumprir sua função, mas como a flor do poeta romântico, não consegue pensar-se sem aquela água, sem aquela correnteza. E assim, toda a sua existência reúne preces e trabalho árduo, pois somente com este trabalho acha que não correrá o risco de sair de perto de seu rio. Outras folhas se deixam conquistar pelo vento e acabam na terra, esperando que outro golpe de ar passe e as leve, mas esta folha não se deixa dissuadir por uma brisa galante, prefere o rio, que perene lhe assegura presença constante. Por mais que o vento possa levá-la longe, de que adiantaria ficar sem ele algum dia? O rio não se afastaria pois a tragaria e a manteria sempre com ele. Então não adianta por nenhum momento a vista que tem de sua futura companhia, enxerga ao longo de sua vida útil para aquela mata o percurso daquele que um dia a guardará com tanta dedicação. Esta folha não pede: Não me deixes não! Esta folha afirma que não o deixará, pois sabe que a promessa já é implicitamente recíproca. Que o rio será tão fiel ao recebê-la quanto ela ao escolhê-lo e que pelo tempo que puder a manterá no movimento de sua correnteza como quando sentiu o primeiro chacoalhar do galho onde brotou.

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Belíssimo texto, muito bom mesmo!!! Não tinha conhecido ainda seu lado romântico... Parabéns! Vou dar uma espiada no resto agora.. há um bom tempo não passo por aqui...
Beijos
J.Isaac

3:28 PM, janeiro 07, 2005  
Anonymous Anônimo said...

OOOIIIII!!!!!!
Gostei do texto, muito bem escrito , exxpressivo e tudo mais
percebe-se q neste dia vc estava BEEEEM romantica!!
mas deixa pra ser fiel ao rio depois q vc tiver aprontado MMMUUUIIIIITOOOOOO tá bom??

Bejão
Allan

3:14 PM, janeiro 13, 2005  

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