09 novembro, 2004

Olhos Tortos

Ah, olhos tortos, por que?
Por que permanecerem flácidos
Diante da realidade?
A concepção que têm do mundo
Não é aquela que o mundo pode Ter.

Olhos tortos, olhos tortos, como não vêem ?
Não percebem a verdade bonita do mundo?
As íris distorcidas maculam o que é, por apenas ser.
Deixem serem como são as coisas,
Pois essa é a verdadeira,
A real face do mundo, da vida.

Não percebem que muito dessa vida
Se perde sem a cor que te causa espanto?
Ou repulsa?
Não sentem que o verdadeiro amor não escolhe onde nasce,
Que não cumpre o tradicionalismo torpe de seus ditames
Tão pequenos, tão limitados entre damas e cavalheiros?
Não julguem saber da capacidade de alguém pela fragilidade
Pela delicadeza que possa aparentar.

Os raios que te penetram, olhos tortos
São verdade. Por que enquadrá-los nos teus “achismos”?
Somente na tortuosidade de outros olhos verás a consistência
Do que vêem.
Tudo não passa de um cílio que incomoda
De uma impureza que violenta a natureza pura
Da visão que lhes foi concedida

Retomem a órbita que podem Ter, olhos tortos
Larguem este incômodo sustentáculo
Desta cruel distinção que fazes.
Enxerguem a trajetória natural de cada um no todo
Não temam a diferença.
O ser humano em sua desigualdade
Ratifica em si mesmo a própria crença,
Em sua preciosidade.