11 outubro, 2004

Um exemplo de atividade paranóico-crítica (continuando a admirar Dalí)

E os anjos desciam fumegantes da rachadura no céu que pulsava, e do sol pendia uma lágrima e dessa lágrima nascia o Homem. A água do mar parou, e junto com ela o peixe, a gaivota, o cão que brincava na areia. O vento parou, e junto com ele cata-ventos gigantes. Os estandartes desciam da rachadura celeste e os anjos ateavam fogo na terra já cor de fogo e o cenário avermelhou-se mais ainda. Acabava de ser formado o Homem.
Dessa pausa quase cósmica não passou um segundo. Num instante a fenda no céu se fechou e os anjos se apagaram no mar. Os peixes nadavam e os estandartes caíam por terra. Era leve o Homem. O vento voltou a soprar e a brisa o elevou fazendo-o sumir com o girar do cata-vento.